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13 de novembro de 2015

Estes olhos



     Aqui estou, sentada a sua frente, fitando esses olhos castanhos de um escuro tão profundo e intenso que eu chamava de lar. Eu costumava compreender essa escuridão e enxergar as coisas que se escondiam no meio dessa névoa densa. Eu costumava enxergar a sua alma perdida na incoerência desse olhar e navegava sem pudor nos mares revoltos que eles traziam. Mas hoje… hoje o que resta é apenas um par de olhos castanhos escuros que não me permitem ver absolutamente nada. Me olham, mas não me adentram, se encontram com os meus, mas não conversam comigo, se tornaram desconhecidos e inconstantes, como se nunca tivessem me amado.
    Quando foi que nos perdemos? Quando foi que deixamos de ser compreensíveis um ao outro? Quando foi que meu olhar deixou de conversar com o seu? Que ele deixou de sorrir ao encontro do seu olhar? Será que o sua alma se escondeu de mim? Ou será que seu olhar encontrou outro olhar? É indecifrável, o brilho está apagado e agora que não vejo mais nada, se tornou impossível saber o que agita sua revolta interior. Gostaria muito de entender, aqui, olhando pra você, em qual esquina da vida você me deixou, em qual mar de gente a sua mão soltou da minha e não conseguimos mais encontrar o caminho para casa.
    Sua expressão perante a minha é falha, é desconhecida. Você costumava sorrir ao me olhar, costumava segurar a minha mão enquanto caminhávamos na calçada. Fazia café e se preocupava com que horas eu ia chegar. Costumava ser o que não é mais. As mãos são as mesmas, o rosto é o mesmo, o cabelo desalinhado e a barba por fazer são iguais, mas o olhar, esse por mais que sejam da mesma cor, não possuem mais o mesmo brilho de antes, não vejo mais o meu reflexo neles, não vejo a coleção de momentos passarem, vejo apenas um par de olhos que olham para o nada, o nada que eu me tornei.
    Continuo sentada a sua frente olhando esses olhos, tentando me encontrar de alguma forma, tentando entender quando foi que eu deixei de ser visível a eles, talvez não seja possível mais adentrar a escuridão do seu olhar, nem saber o que te aflige, mas ainda te vejo. E continuarei te vendo, mesmo que nem lembranças de mim, restem dentro dos seus olhos.


3 de setembro de 2014

Questionamentos


É,
Talvez você seja uma vaga lembrança nos meus tristes pensamentos.
Uma lembrança que faz chorar e por infinitas vezes
remoer um passado que jamais será presente.

Porque você que apenas caminhou sobre meu coração,
me acorrentou a você e me arrasta sem pena pelas ruas frias?
Porque você que simplesmente não quer ser encontrado,
me obriga a te procurar por entre as pessoas.
Porque você me faz sonhar contigo,
mesmo depois de molhar o travesseiro com minhas lágrimas frias,
suplicando a Deus que você desapareça.
Porque meus olhos insistem a procurar traços de sua existência nas pessoas,
você é o castigo dos meus dias.

São tantos porquês,
são tantas coisas a serem feitas,
tantas perguntas a serem respondidas,
mas eu só gostaria de saber
Porque quanto mais eu te mando embora,
mais você não sai de mim?
Eu só queria saber, porque mesmo você matando meu coração,
ele insiste em te amar,
Só queria saber porque a sua voz ainda me alimenta,
seu olhar me esquenta
e a sua existência
não em deixa encontrar outro motivo para viver.

26 de fevereiro de 2014

Pequenas reflexões

                                                
                                                                                                                - Jessy Gregório

Às vezes me sinto deslocada, como se não fizesse parte do mundo ao qual vivo. Como se as pessoas fossem descartáveis e os sentimentos pouco importantes. Nesse mundo de máquinas, onde o que importa é o futuro, ninguém para pra pensar onde está o coração de alguém, ninguém para pra olhar nos olhos tristes, nas palavras mortas, nas respirações profundas, no sono excessivo e ninguém percebe quando alguém está prestes a explodir...
É tanta coisa, é como se o tempo corresse contra você e os dias passam sem ao menos termos vivido. Lembranças são tudo que restam, lembranças do que não fomos, lembranças do que queríamos ser , lembranças de tudo que deixamos passar e de tudo que queríamos esquecer.
Essa coisa de que o tempo cura é mentira. O tempo não cura nada, não cura feridas, não cura um coração partido, não faz esquecer e não preenche vazios. O tempo nada faz se nós também não quisermos que as coisas mudem.

Dar o primeiro passo é fácil, o difícil é não olhar para trás...



25 de abril de 2013

Retornar V


Capitulo I / Capitulo II / Capitulo III Capitulo IV 
                                                                                                               - Jessy Gregório

Naquele dia não voltei para o escritório e ele sabia muito bem o motivo. Me sentia mal, chorava sem parar, enrolada em meu velho edredom floral tentava encontrar uma maneira de me sentir confortada, mas nada era o bastante. Por um lado sabia que tinha feito a coisa certa, e por outro, sentia um irremediável sentimento de culpa, que me dizia: " Porque fez aquilo? Tudo poderia ser diferente agora". Mas sabe de uma coisa, não se pode parar o tempo e querer voltar e continuar a vida de onde parou, a vida não é um DVD, não se pode fugir dos problemas, nem pular as partes ruins. Por fim, eu fiz a coisa certa.
Em meio a angustias, resolvi sair a noite naquele friozinho de começo de tarde, para sei lá, andar e refletir. Sentei no banco da praça e olhei para as estrelas, de repente alguém apagou a luz delas.
- Ei, saia da minha frente, me deixe pelo menos admirar o céu... - e lágrimas corriam de meus olhos...
- Claro Senhorita, além de admirar o céu gostaria de fazer mais alguma coisa?
- Talvez...- Aquela voz me soava tão bem aos ouvidos- queria que tudo fosse diferente...

Um silêncio tomou conta de tudo, o homem se afastou, tirou o sobretudo que lhe cobria até o rosto e o jogou no chão. Caminhou por entre a trilha, até que não pude mais vê-lo e pensei, "quem se importa com os problemas alheios?". Voltei a admirar as estrelas...
E então....
"Love me tender,
Love me sweet,
Never let me go.
You have made my life complete,
And i love you so.

Love me tender,
Love me true,
All my dreams fulfilled.
For my darlin' i love you,
And i always will."

Uma doce melodia bem familiar me chamou a atenção  a música me trazia recordações boas e a voz era familiar.Olhei e me deparei com Julian, um buquê de flores, um balão escrito " I love you" e uma bela canção. Tentei dizer algo, talvez xinga-lo, mas ele apenas me pediu para ouvi-lo.

- Jane, Quando fui embora, fui até a sua casa e sua mãe disse que você não estava, e que se estivesse não queria me ver e que por favor lhe deixasse em paz. Eu queria dizer que eu estava disposto a desistir. Olhe - Ele abriu uma caixinha com um par de alianças, as mesmas que escolhemos aos 17 anos. - Eu comprei pra te dar naquele dia, mas sai com o pior do sentimentos do mundo. Me senti abandonado e entre as alianças e as passagens, decidi ir e te deixar em paz. Maldita a hora em que tomei essa decisão! - O choro começou a ser inconstante, seus olhos tinham um desespero profundo, que me doía. -  Jane, todo o Natal eu vinha ver a minha família, e de madrugada ficava em frente a sua casa, da janela eu podia ver seu rosto o seu sorriso, eu te amei todos esses anos, e embora eu não tenha pedido desculpas, agora eu peço, porque mais do que nunca, minha vida nunca teve sentido sem você. Vamos fazer tudo diferente?

Eu não consegui dizer nada, apenas chorei muito, me levantei e comecei a caminhar, de repente uma chuva começou a me lavar. Parei, respirei, olhei para as poucos estrelas que haviam e em menos de um segundo disparei em direção a Julian, que estava ajoelhado no chão afogado em lágrimas e chuva. Disse:
- Estupido!! - E lhe dei um tapa - EU TE AMO!! - sem mais nada para pensar o beijei, como nunca antes, com amor, com paixão, com raiva...

Porque quando é amor, tudo vale apena, não podemos mudar o passado, mas podemos começar de novo...Simplesmente RECOMEÇAR.



10 de março de 2013

Quem se importa com detalhes?



                                                                                                                      Jessy Gregório 

Eu queria mesmo ser um porto seguro ou quem sabe um simples encosto de porta pra alguém. Mas eu não consigo nem conter meus pensamentos, quem dirá ser necessário para alguém. As doces palavras da comédia romântica que assisti a dois anos atrás, nunca foram ditas como as vi, nem com aquele singelo olhar apaixonado. O abraço apertado do casal no fim do filme, nunca senti, talvez por que nunca alguém tivesse medo de me perder de verdade. O entrelaçar dos dedos nunca foram admirados com carinho, nem o sorriso se abrindo vagarosamente conforme a pessoa amada se aproxima. Nunca fui pega por uma surpresa maravilhosa, nem alguém se ajoelhou em meus pés e declarou o seu amor. O meu primeiro beijo não foi apaixonado e o meu primeiro príncipe encantado passou com seu cavalo branco sobre mim. Então eu parei de acreditar nessas coisas...
Parei de acreditar que as pessoas te presenteiam sem precisar de datas especiais, só pelo fato de você ser especial. Que um homem vai atravessar uma multidão com um buquê de flores escondido atrás de si, para lhe entregar e fazer surgir um sorriso e lágrimas de emoção. Que alguém vai fazer uma música pra você ou dar o seu nome a uma estrela. Que vai olhar mais que no fundo dos olhos e dizer o quanto a vida não faria sentido algum sem você. Que alguém, mais do que pensar em você, irá se preocupar e passar noites acordadas por não saber se está bem. Que vai amar a pessoa que você é, não a saudade que você deixa quando vai. Alguém que valorize cada segundo como se fosse o ultimo e que se importe com os seus problemas como se fossem os dela.
Eu queria que as pessoas não corressem contra o tempo, nem que pensassem que o único retorno bom que se pode adquirir é o dinheiro. Queria que todos parassem e percebessem que a unica coisa que vai fazer você dormir bem no fim do dia, é a quantidades de sorrisos que você fez surgir, os abraços de verdade que deu, as palavras boas que fizeram pessoas felizes e as ações que fizeram a diferença. Não queria ser a única a se importar, mas se um dia alguém me perguntar quem se importa com detalhes? Eu direi:
"EU"